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Psicanálise Leiga e "Profana".

Atualizado: 21 de ago. de 2020


Psicanálise Leiga
Psicanálise Leiga

O Termo "Psicanálise leiga e profana" pode as vezes causar certa confusão, e até mesmo um certo mal estar para algumas pessoas, mas o que será que realmente Freud quis dizer com Isso?


Freud durante o desenvolvimento da Psicanálise tinha duas preocupações que o afligia. Em primeiro lugar ele se preocupava que a Psicanálise ficasse restrita ou fosse anexada a alguma corrente religiosa ou formas metafisicas de entendimento do Ser Humano, e também temia que ela fosse absorvida pela medicina e perdesse sua finalidade. O termo "leiga" é exatamente o desvincular da obrigatoriedade da formação em Medicina para atuação profissional do Psicanalista, e o termo "Profana" o desvincular da Psicanálise de qualquer confissão religiosa, tornando-a assim independente tanto da Religião quanto da Medicina.

Isto coloca a Psicanálise em uma posição única que é compreender a alma humana desvinculada tanto da religião quanto da biologia dentro de um viés reducionista. A religião e a ciência médica estabelecida na época de Freud eram as únicas formas disponíveis para se conhecer o psiquismo Humano, ou Alma, e para Freud, deixavam a desejar tanto em suas respostas filosóficas quanto em seus resultados práticos contra a Histeria, ou Neurose. Sendo assim ele se vê na emergência de criar um método totalmente novo de estudo da alma humana desvinculado da religião e da psiquiatria. A psicanálise passou a ser um caminho alternativo de compreensão do ser humano através do método científico, da experiência e da validação clínica. Resumindo, a Psicanálise é uma via independente de conhecimento da Alma humana, livre tanto dos dogmas religiosos quanto do reducionismo biológico/fisiológico. Ela é uma terceira via de conhecimento. Desta via independente (Psicanálise Freudiana) muitas outras correntes psicanalíticas surgiram ao passar do tempo como por exemplo a psicologia analítica de Jung, a escola Lacaniana, as escolas teóricas que focam nas relações objetais como a escola Winnicottiana, Kleiniana, a psicologia do Ego inspirada por Anna Freud e Hartman muito comum na América do Norte, Psicologia do Self de Kohut e inúmeras outras...

A Psicanálise é muito bem aceita e bem recebida em ambos os ambientes, no entando ela não se vincula formalmente à nenhum deles... Muitos médicos, psicólogos, psiquiatras são também Psicanalistas. E também muitos lideres religiosos como Padres, Pastores, Bispos e membros de diversas religiões, lideres comunitários, filósofos e acadêmicos escolhem a Psicanálise como parte de sua formação enriquecendo assim suas carreiras. Psicanálise é o conhecimento do Ser Humano.



Gostaria de deixar logo a baixo um verbete do dicionário de Psicanálise da Elisabeth Roudinesco, que na sua página 20 no tópico "Análise Leiga" aborda este assunto.



Roudinesco
Roudinesco
Análise leiga (ou profana) al. Laienanalyse; esp. análisis profano; fr. analyse profane; ing. lay-analysis.

"Chama-se análise leiga ou análise profana, ou ainda psicanálise* leiga ou profana, à psicanálise praticada por não-médicos. Os dois adjetivos (leiga e profana) significam também que a psicanálise, na ótica freudiana, é uma disciplina perfeitamente distinta de todos os tratamentos da alma e de todas as formas de confissões terapêuticas ligadas às diversas religiões. Por conseguinte, ela deve construir seus próprios critérios de formação profissional, sem se subordinar nem à medicina (da qual a psiquiatria faz parte) nem a qualquer Igreja*, seja esta ligada ao protestantismo, ao catolicismo, ao judaísmo, ao islamismo ou ao budismo, nem tampouco às religiões animistas ou às seitas."
Sob esse aspecto, a única formação aceitável para um Psicanalista, sejam quais forem seu grau universitário e sua religião, é submeter-se a uma análise didática* e, em seguida, a uma supervisão*, de acordo com as regras ditadas pela International Psychoanalytical Association* (IPA) a partir de 1925. Essas regras, aliás, com algumas variações, são aceitas pela totalidade dos praticantes que reivindicam o Freudismo* no mundo, quer sejam ou não membros da IPA, pertençam ou não a suas diversas correntes — lacanismo*, Self Psychology* etc.





Texto de João Ricard

 
 
 

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