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Introdução ao Conceito de Pulsão


Pulsão


Freud (1916) define pulsão como sendo um conceito situado na fronteira entre o mental e o somático, como o representante psíquico dos estímulos que se originam no corpo - dentro do organismo - e alcança a mente, como uma medida da exigência feita à mente no sentido de trabalhar em conseqüência de sua ligação com o corpo.


Pulsão

Freud fala que não existe um caminho natural para a sexualidade humana. Não há uma maneira única de satisfazer o desejo, o que confere ao humano a sina de estar sempre insatisfeito frente a este . É em nome desses desvios que Freud fala em pulsão sexual (trieb) e não em instinto (instinkt), que é um padrão de comportamento, hereditariamente fixado e que possui um objeto especifico, enquanto a Trieb não implica nem comportamento pré-formado, nem objeto especifico.


O Inconsciente (Das Unbewusste) Freud (1915) fala que a antítese entre consciente e inconsciente não se aplica às pulsões; se a pulsão não se prendeu a uma idéia ou não se manifestou como um estado afetivo, nada poderemos saber sobre ela.


"A pulsão nunca se dá por si mesma, nem a nível consciente, nem a nível inconsciente; ela só é conhecida pelos seus representantes: o representante ideativo (vorstellung) e o afeto (affekt)."


O afeto é a expressão qualitativa da quantidade de energia pulsional. Afetos correspondem a processos de descarga, cujas manifestações finais são percebidas como sentimentos. Os destinos do afeto e do representante ideativo são diferentes. Os afetos não podem ser recalcados. Portanto não se pode falar em afeto inconsciente; os afetos são sentidos a nível consciente, embora não possamos determinar a origem do afeto ao sentir suas manifestações. Os representantes ideativos são catexias, basicamente de traços de memória.

O afeto não pode ser recalcado (não pertence ao sistema inconsciente), mas ele sofre as vicissitudes do recalque: o afeto pode permanecer; ser transformado (principalmente em angústia); ou é suprimido.


Freud (1915) fala que suprimir o desenvolvimento do afeto constitui a verdadeira finalidade do recalque e que seu trabalho ficará incompleto se essa finalidade não for alcançada. O controle do consciente sobre a motilidade voluntária se acha firmemente enraizada, suporta regularmente a investida da neurose e só cessa na psicose. O controle do consciente sobre o desenvolvimento dos afetos é menos seguro.

O recalcamento provoca uma ruptura entre o afeto e a idéia a qual ele pertence, e cada um deles passam por vicissitudes diversas. Mas Freud (1915) diz acreditar que de modo geral, o afeto não se apresenta até que o irromper de uma nova apresentação do sistema consciente tenha sido alcançada com êxito.


Garcia-Roza (2005) diz ser a pulsão o instinto que se desnaturalizou, que se desvia de suas fontes e de seus objetos específicos; ela é o efeito marginal desse apoio-desvio. A pulsão se apóia no instinto, mas não se reduz a ele. Zimerman, (1999) diz que o apoio marca não a continuidade entre o instinto e a pulsão, mas a descontinuidade entre ambos, transformando o somático em psíquico, com as respectivas sensações das experiências emocionais primitivas, o indivíduo vai construindo o seu mundo interno de representações.


Em o Instinto e suas Vicissitudes (1915) Freud localiza a pulsão como tendo uma “pressão”; uma “finalidade” ou “objetivo”; seu “objeto” e sua “fonte”.


Pulsão

A Pressão (drang)


A pressão é o fator motor da pulsão, a quantidade de força ou exigência do trabalho que ela representa. A rigor, não existe pulsão passiva, apenas pulsões cuja finalidade é passiva. (Freud, 1915). Toda pulsão é ativa e a pressão é a própria atividade da pulsão.

Desde o Projeto para uma Psicologia Cientifica (1895), Freud define a pressão como o elemento motor da pulsão que impele o organismo para a ação especifica responsável pela eliminação da tensão.



A Finalidade ou objetivo (ziel)


A finalidade da pulsão é sempre a satisfação, sendo que a satisfação é definida como a redução da tensão provocada pela pressão. Freud (1915) fala que as pulsões podem ser inibidas em sua finalidade, mas mesmo nesses mecanismos há uma satisfação substitutiva, parcial.



O objeto (objekt)


É uma coisa em relação a qual ou através da qual o instinto é capaz de atingir sua finalidade. (Freud, 1915). É o que há de mais variável em uma pulsão.

Garcia-Roza (2005) fala que objeto (objekt) para Freud não é aquilo que se oferece a consciência, mas algo que só tem sentido enquanto relacionado à pulsão e ao inconsciente.


A Fonte (quelle)


A fonte é o processo somático que ocorre num órgão ou parte do corpo, e cujo estimulo é representado na vida mental por uma pulsão (trieb).

Uma pulsão não pode ser destruída nem inibida, uma vez tendo surgido, ela tende de forma coerciva para a satisfação. Aquilo sobre o qual vai incidir a defesa é sobre os representantes psíquicos da pulsão.


Os destinos dos representantes ideativos são: reversão ao seu oposto, retorno em direção ao próprio eu, recalcamento, sublimação. Os destinos do afeto: transformação do afeto (obsessões) deslocamento do afeto (histeria de conversão), troca do afeto (neurose de angústia e melancolia).


A reversão da pulsão em seu oposto transforma-se em dois processos diferentes: uma mudança da atividade para a passividade e uma reversão do seu conteúdo. Do primeiro temos o exemplo do sadismo e do masoquismo. A reversão afeta apenas a finalidade da pulsão (amor transforma-se em ódio, por exemplo).


As vicissitudes pulsionais que consistem no fato de a pulsão retornar em direção ao próprio ego do sujeito e sofrer reversão da atividade para a passividade, se acham na dependência da organização narcisista do ego e trazem o cunho dessa fase. (Freud, 1915)



Economia das Pulsões


Do ponto de vista econômico, as manifestações das pulsões sexuais são ligadas à existência de uma força de uma energia especifica chamada libido.


A catexia - que é o investimento de energia pulsional - alude ao fato de que certa quantidade de energia psíquica esteja ligada a um objeto, tanto externo como a seu representante interno, numa tentativa de reencontrar as experiências de satisfação que lhe estejam correlacionadas. (Zimerman,1999)


Depois da experiência de satisfação, a representação do objeto satisfatório, fortemente investida, orientara o sujeito para a busca do mesmo objeto. O termo objeto pode designar tanto o objeto da pulsão quanto o objeto de amor do sujeito.


O objeto do investimento pulsional pode ser o próprio sujeito, que é o caso do narcisismo.





Texto de Joviani Aparecida

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